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O melhor do Mundo

20
Mar18

Relógio biológico

Sabes que o teu namorido tem um relógio biológico mais oleado que o teu quando, naquela altura do mês, se dá esta conversa:

Eu: Estou cheia de dores.

Ele: Então? Vem aí o Sr. Vermelho?

Eu: Sim. Ou isso ou o baby L.

Ele: Agora era bem feita que fosse mesmo o baby L.

Eu: ACHAAAAS? QUE HORROR!

Ele: Que horror? Um bebé é sempre bom.

Eu: OK, mas não agora!! Não temos vida para isso! Vá, como é que reagias se acontecesse?

Ele: Então, era fixe!

 

A questão é a seguinte, já quis muito ter filhos. Queria 4, depois tomei consciência da realidade e passei para 2. Atualmente não sei bem, sou meio bipolar no que à maternidade diz respeito. Acredito que seja a experiência de uma vida, que seja das melhores coisas que se pode sentir e viver, no entanto não sei se estou apta para essa responsabilidade, na primeira instância. Depois, há uma serie de outras questões, não sei se conseguiria cumprir todas as exigências e todas as perspectivas que tenho para a educação de uma criança, não sei se a conseguiria proteger de certos perigos cada vez mais comuns, não sei se conseguiria abdicar da vida que tenho agora. 

Tudo tem o seu tempo e, se tiver que acobtecer, será no tempo certo. 

 

19
Mar18

Não precisamos todos do melhor pai do mundo...

Precisamos de um pai que nos torne orgulhosos daquilo que somos.

Não posso dizer que tenho uma ótima relação com o meu pai. Talvez nem possa dizer que tenho uma boa relação com ele. Temos uma relação, assim crua, sem adjetivos.

Nem sempre foi assim. Felizmente tenho boas memórias do meu pai, durante a minha infância. Lembro-me de ficar feliz quando ele chegava a casa, de ele me ir dar sempre, sem excepção, um beijo antes de sair de casa para trabalhar, que me acordava e na altura me deixava chateada (ninguém gosta de ser acordado naqueles minutos finais do sono). Lembro-me de cócegas e de brincadeiras. Lembro-me de férias em família e dos almoços de domingo que eram sempre frango assado, e mesmo sendo sempre, não cansava, porque eram os únicos almoços todos juntos e no verão, até aconteciam quintal, com a melodia (e a ameaça) das abelhas a pairar no limoeiro.

Mas também me lembro de ele ter sido, sempre, uma pessoa teimosa e pouco flexível.

Depois, com o passar dos anos, com a maturidade e com o moldar da minha própria personalidade, fui resgatando memorias e atribuindo traços de personalidade a essas memórias.

Ao meu pai só interessava se passávamos de ano, não sabia quando tínhamos teste, que matéria andávamos a dar. Não perguntava se éramos felizes com os nossos amigos, queria saber quem eram os pais deles e qual era o ganha pão deles. Não perguntava como tinha sido o nosso dia, mas chegava a ralhar devido a mal entendidos, a coisas que apanhava no ar. Não perguntava se o que tinha idealizado para nós nos faria felizes, no preenchia. 

Durante a minha adolescência, eu segui um caminho bem diferente do dele. Se fisicamente somos parecidos (dizem que sim mas ainda estou para descobrir essas parecenças), no que respeita à personalidade, somos água e azeite.

Para mim mudar de desporto todos os anos era vontade de querer experimentar tudo, era curiosidade. Para ele era não gostar de nada. Para mim, hoje, mudar de emprego, por opção, com alguma regularidade é ambição, para ele é insatisfação. Para mim igualdade de direitos independentemente do género, raça, orientação sexual, é um direito fundamental, para ele os homossexuais são "essa gente", a expressão "os pretos" é utilizada de forma pejorativa e as mulheres devem conter-se mais que os homens.

Ao longo dos últimos 10 anos, a minha relação com o meu pai foi-se tornando mais frágil, muita coisa aconteceu que levou a isso. Somos, mais uma vez, água e azeite mas, somos também polos opostos que, apesar de tudo, ainda têm algum magnetismo. Fraco, mas ainda se atraem. Ainda há dias bons, ainda há coração a bater com esperança que tudo volte à magia das cócegas e dos beijos da manhã.

Apesar destes últimos dez anos, continua e continuará a ser o meu pai, porque sem ele, sem este seu feitio, sem estas suas características, eu também não seria quem sou. E gosto tanto de ser quem sou!

27
Jan18

Paixão e Amor

Sempre me lembro de ouvir falar de paixão e de amor.

De serem descritos como sentimentos tão diferentes como o sol e a chuva, mas que, tal como o sol e a chuva, cada um tinha o seu valor e a sua importância no crescimento. Como o sol e a chuva, cada um tinha a capacidade de nos aquecer no momento certo das nossas vida.

Lembro-me de ouvir dizer que a paixão qualquer um sentia, que era um sentimento fácil, de vislumbre e de deslumbre.  Um sentimento jovem e desprendido, intenso mas passageiro. A paixão é, no fundo, como o sol. É fácil sentir o coração ao pulos e a felicidade transbordar num dia de sol. É fácil lidar com um dia de sol, basta abrir as janelas e respirar fundo. Mas todos os dias de sol acabam, irremediavelmente, com a noite. A luz vai-se apagando, deixando apenas o escuro, o desconforto, a insegurança do fim de algo bom. O que virá depois?

Mas o amor... O amor não acaba com a noite. Tal como a chuva, que por vezes até cai com mais força quando o sol desaparece. Talvez por ser um sentimento mais maduro, um sentimento que dá trabalho mas também gozo, conforto e segurança. Quem sabe apreciar um dia de chuva, sabe ver para além das aparências, sabe aproveitar as coisas boas do que à partida seria mau. Num dia de chuva não se podem abrir janelas, nem sair para a rua sem um plano. Mas pode-se aproveitar o conforto e o romantismo, a melancolia e a tranquilidade. O amor é um sentimento capaz de ligar duas pessoas para a vida, é o barco que ajuda a atravessar tempestades, o berço que acolhe e aconchega, o teto que protege. 

Apenas recentemente consegui descobrir que estas diferenças são reais. Que estes sentimentos não são, de todo, sinónimos. Talvez por nunca ter pensado muito nisso, talvez por pensar que era apenas conversa de gente que se acha cheia de vida e de ensinamentos.

Consigo identificar o momento concreto em que a flor do amor cresceu o suficiente para absorver a paixão e fazer dela o seu alimento. Consigo identificar o momento preciso em que percebi que entre mim e o L. deixou de ser paixão e passou a ser, simplesmente, amor. Sim, simplesmente. Porquê pôr tanta cor, porquê garrir tanto algo que tem tanta mais beleza na simplicidade de simplesmente ser e sentir.

Hoje olho para ele, mesmo nos momentos mais dificeis, e consigo perceber que são esses momentos que nos dão força e que nos aproximam mais. Consigo perceber que, por nos termos mantido juntos nos momentos menos bons, e nor termos ajudado mutuamente, por termos visto tanto um do outro, estamos irremediavelmente unidos, por amor. Consigo perceber que é nele que está o meu "abraço-casa", olho para o futuro e não consigo, mesmo nos momentos mais dificeis, imaginá-lo sem ele.

É talvez este entendimento que não é tudo perfeito, que nem sempre são dias de sol e de sentimentos despreocupados, esta capacidade de apreciar os dias de chuva, que levam do amor à paixão. É conseguir fazer esta viagem que transforma um namoro numa relação de amor. Que permitem que as semanas se transformem em meses e os meses em anos. 

Como diz o Ruy de Carvalho, "Não é fácil viver em casamento. Inicialmente a parte dominante é a sexual, mas há gente que não pensa que 23 horas e meia são para viver a vida, com maus cheiros, doenças, com ir à casa de banho, com mau hálito, com o ressonar... Há aquele momento muito bom, mas é preciso que os outros sejam muito melhores."

 Admito, já senti inveja de relações "perfeitas", com fotografias bonitas, vidas aparentemente felizes, paixões com muita cor. Mas quando a chuva veio, levou com ela as cores e sem elas a paixão não teve força para virar amor. Estas relações desapareceram mas nós continuamos aqui, porque conseguimos encarar todos os momentos maus e mesmo aqueles momentos naturais e pouco glamorosos como a Vida, a vida que queremos viver juntos, apesar de tudo.

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26
Nov17

Descobrir a magia da pré-adolescência

Não tenho filhos. Quando vejo mães e pais com crianças que aparentam ter entre os 9 e os 13/14 anos, que estão ali numa fase em que não são carne nem peixe, em que já deixaram de ser crianças mas ainda não se sabe bem o que são, penso: deve ser uma seca. Penso, qual será o encanto desta fase?

Nestas idades, já não são as crianças com toda a sua ingenuinidade e graça, mas também ainda não são adolescentes, divertidos e desafiantes, e estão longe de ser os adultos companheiros que se deseja.  

A M. tem atualmente 9 anos. Conheci-a com 5 e, apesar de não ter vivido a fase mais infantil, a fase da descoberta do mundo concreto, sinto que já crescemos um pouco juntas.

A M. está a mostrar-me que esta fase, em que andam ali perdidos entre o ser e o não ser também tem o seu encanto. Aos 9 anos começam a mostrar, de forma mais inequívoca, a pessoa que serão. Aos 9 anos começam a estar mais alerta para o abstrato, para as relações entre as pessoas, para os sentimentos, para o significado das coisas. Começam a querer saber a verdade das coisas, a essência. Dão-nos sinais que estão mais atentos ao que acontece todos os dias, que pensam nos pequenos momentos e nas pequenas coisas que vão acontecendo à sua volta. 

O último fim-de-semana em que a M. esteve cá em casa deixou-me o coração tão cheio que, se tivesse dinheiro (e autorização) partia com ela numa viagem sem calendário. Uma viagem de descoberta para poder sorver esta fase tão boa.

Apesar de não ser mãe dela, e de não me caber a mim a função educativa, sinto que lhe devo passar alguns valores, que para mim são fundamentais. Porque sinto que há valores que se estão a perder e que, tendo eu oportunidade de os perpetuar com alguém das gerações que se seguirão à minha, tenho o dever de o fazer. Levo a M. comigo aos peditórios do Banco Alimentar e ao abrigo da Associação protetora dos animais. Converso com ela sobre assuntos que nos entram pela casa através da televisão, da internet ou dos livros, como a homossexualidade, a igualdade de género, o racismo, sobre o facto de não podermos por no mesmo saco toda a gente que tenha uma característica comum porque alguns deles fazem coisas más (ciganos, "pretos", muçulmanos, ...), sobre o facto de não termos o direito de gozar e inferiorizar alguém porque é diferente (porque é mais gordo ou mais magro, porque tem o nariz torto, porque tem uma defeciência, ...). Por vezes não uso as palavras concretas, por vezes não falo concretamente no assunto, mas entre as palavras proferidas fica a semente para a consciencialização.

No último fim-de-semana cá em casa, quando estava para regressar a casa da mãe, a M. pediu-me para levar um livro que comprei quando fiz estágio numa escola. Um colega de turma tinha andado a "gozar" com uma menina por ser mais gorda e ela queria pedir à professora que lesse o livro na aula. O facto de ela ter achado a atitude do colega errada e querer fazer algo a respeito disso, deixou-me cheia de orgulho, deixa-me lágrimas nos olhos cada vez que penso nisso.

A M. é uma menina doce e alegre e fico feliz por ver que se está a tornar numa menina crescida, consciente e alerta para as injustiças, que está pronta a arregaçar as mangas para ajudar e para fazer o que é correto. Esta foi apenas uma das situações, nos ultimos tempos, em que ela me fez ver como esta fase é encantadora, à sua maneira. A M. não pode ver um animal na rua sem achar que temos que fazer algo, não pode ver um peditório sem achar que precisamos de ajudar, não pode ver uma pessoa a ser inustiçada sem querer intervir. 

Minha querida M., obrigada por me mostrares a beleza desta fase, a magia do crescimento e do desenvolvimento de menina a futura mulher, obrigada por me ajudares a manter a esperança num futuro justo.

13
Abr17

Chorei num espectáculo de comédia...

Não chorei, mas foi por pouco.

Fui ver o espetáculo do Rui Sinel de Cordes. O último, para já, por terras lusas.

O Rui Sinel de Cordes é aquele humorista que se ama ou se odeia. Tem um humor negro, repuxado, um humor que deixa as virgens ofendidas e os militares do politicamente correto de cabelos no ar. Eu gosto. Concordo que temos que nos rir de tudo, há situações que merecem o nosso respeito, mas não é por isso que não se pode brincar com elas, rir delas. Até pelo contrário, o humor ajuda a ultrapassar momentos dificeis. 

Logo no início, Rui Sinel de Cordes contou uma situação que se tinha passado com ele num espetáculo que fez algures no Algarve. Não sei se era verdade, não sei se era parcialmente verdade. Mas é uma daquelas chapadas de luva branca que nos mostra que o humor é mesmo para todos e para todas as situações.

O problema foi o final. O final do espetáculo é pesado. Não para toda a gente, mas para quem se identifica com a mensagem. Fala da passagem do tempo, fala dos nossos sonhos, dos nossos objetivos. Não chorei porque seria estúpido chorar, sem ser de rir, num espetáculo de comédia. 

Não chorei mas andei dias a pensar na vida. A tomar decisões. A mudar perspetivas. A mudar ideais.

Obrigada Sinel de Cordes, és o meu Guru.

Qual Gustavo Santos, qual quê!

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