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O melhor do Mundo

27
Mar18

Diz-me que música ouves...

Nas nossas viagens de carro a música é a nossa principal fonte de diversão. Como o carro já deve uns anos à sucata, os problemas acumulam-se e precisamos de algo que nos distraia para que a viagem seja mais agradável. Não dando para pôr uma pen ou ligar o telemóvel para ouvirmos a música que queremos, optamos por ouvir músicas mais, digamos, pimba, daquelas que dão nas festas da aldeia e que convidam mesmo à boa disposição porque, mal ou bem, toda a gente as sabe e as letras são qualquer coisa de extraordinário. Além disso, a música (moderadamente) alta ajuda a distrair do barulho da correia, do plástico do tablier, dos amortecedores, do rolamento, do rato que anda por lá perdido (não anda, mas por vezes parece), do teto de abrir que tem vontade própria, do computador de bordo que vê problemas em tudo e passa a vida a apitar, e tudo e tudo e tudo.

Assim, a Rádio Bonfim é a nossa grande companhia em viagens longas.

Há uns dias, o L. lançou este "desabafo" que me roubou uma bela gargalhada:

- O meu maior medo é uma dia ir a ouvir a Rádio Bonfim, ter um acidente e o rádio continuar a funcionar. Depois chegam os bombeiros para me vir desencarcerar e decidem que não vale a pena o trabalho, tendo em conta que se trata de uma pessoa que ouve este tipo de música.

 

Nota: nada contra a rádio Bonfim ou aos artistas que nela tocam. Até porque nos fazem muita companhia.

19
Mar18

Não precisamos todos do melhor pai do mundo...

Precisamos de um pai que nos torne orgulhosos daquilo que somos.

Não posso dizer que tenho uma ótima relação com o meu pai. Talvez nem possa dizer que tenho uma boa relação com ele. Temos uma relação, assim crua, sem adjetivos.

Nem sempre foi assim. Felizmente tenho boas memórias do meu pai, durante a minha infância. Lembro-me de ficar feliz quando ele chegava a casa, de ele me ir dar sempre, sem excepção, um beijo antes de sair de casa para trabalhar, que me acordava e na altura me deixava chateada (ninguém gosta de ser acordado naqueles minutos finais do sono). Lembro-me de cócegas e de brincadeiras. Lembro-me de férias em família e dos almoços de domingo que eram sempre frango assado, e mesmo sendo sempre, não cansava, porque eram os únicos almoços todos juntos e no verão, até aconteciam quintal, com a melodia (e a ameaça) das abelhas a pairar no limoeiro.

Mas também me lembro de ele ter sido, sempre, uma pessoa teimosa e pouco flexível.

Depois, com o passar dos anos, com a maturidade e com o moldar da minha própria personalidade, fui resgatando memorias e atribuindo traços de personalidade a essas memórias.

Ao meu pai só interessava se passávamos de ano, não sabia quando tínhamos teste, que matéria andávamos a dar. Não perguntava se éramos felizes com os nossos amigos, queria saber quem eram os pais deles e qual era o ganha pão deles. Não perguntava como tinha sido o nosso dia, mas chegava a ralhar devido a mal entendidos, a coisas que apanhava no ar. Não perguntava se o que tinha idealizado para nós nos faria felizes, no preenchia. 

Durante a minha adolescência, eu segui um caminho bem diferente do dele. Se fisicamente somos parecidos (dizem que sim mas ainda estou para descobrir essas parecenças), no que respeita à personalidade, somos água e azeite.

Para mim mudar de desporto todos os anos era vontade de querer experimentar tudo, era curiosidade. Para ele era não gostar de nada. Para mim, hoje, mudar de emprego, por opção, com alguma regularidade é ambição, para ele é insatisfação. Para mim igualdade de direitos independentemente do género, raça, orientação sexual, é um direito fundamental, para ele os homossexuais são "essa gente", a expressão "os pretos" é utilizada de forma pejorativa e as mulheres devem conter-se mais que os homens.

Ao longo dos últimos 10 anos, a minha relação com o meu pai foi-se tornando mais frágil, muita coisa aconteceu que levou a isso. Somos, mais uma vez, água e azeite mas, somos também polos opostos que, apesar de tudo, ainda têm algum magnetismo. Fraco, mas ainda se atraem. Ainda há dias bons, ainda há coração a bater com esperança que tudo volte à magia das cócegas e dos beijos da manhã.

Apesar destes últimos dez anos, continua e continuará a ser o meu pai, porque sem ele, sem este seu feitio, sem estas suas características, eu também não seria quem sou. E gosto tanto de ser quem sou!

13
Abr17

Chorei num espectáculo de comédia...

Não chorei, mas foi por pouco.

Fui ver o espetáculo do Rui Sinel de Cordes. O último, para já, por terras lusas.

O Rui Sinel de Cordes é aquele humorista que se ama ou se odeia. Tem um humor negro, repuxado, um humor que deixa as virgens ofendidas e os militares do politicamente correto de cabelos no ar. Eu gosto. Concordo que temos que nos rir de tudo, há situações que merecem o nosso respeito, mas não é por isso que não se pode brincar com elas, rir delas. Até pelo contrário, o humor ajuda a ultrapassar momentos dificeis. 

Logo no início, Rui Sinel de Cordes contou uma situação que se tinha passado com ele num espetáculo que fez algures no Algarve. Não sei se era verdade, não sei se era parcialmente verdade. Mas é uma daquelas chapadas de luva branca que nos mostra que o humor é mesmo para todos e para todas as situações.

O problema foi o final. O final do espetáculo é pesado. Não para toda a gente, mas para quem se identifica com a mensagem. Fala da passagem do tempo, fala dos nossos sonhos, dos nossos objetivos. Não chorei porque seria estúpido chorar, sem ser de rir, num espetáculo de comédia. 

Não chorei mas andei dias a pensar na vida. A tomar decisões. A mudar perspetivas. A mudar ideais.

Obrigada Sinel de Cordes, és o meu Guru.

Qual Gustavo Santos, qual quê!

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