Dia da contemplação I
Uma das nossas grandes motivações para visitar os Açores, era a observação de cetáceos.
Há uns anos fomos passar um fim-de-semana prolongado à Arrábida e depois fizemos o passeio no Sado para observação de golfinhos. A taxa de avistamento é de cerca de 95% mas, adivinhem quem esteve naquela pequena percentagem dos azarentos que só vê alforrecas? Sim, nós...
Nessa altura a M. manifestou desejo de ver baleias e como somos pessoas que gostam de realizar sonhos, não descansámos enquanto não a levamos aos Açores para tentar realizar esta experiência, com o bónus de podermos ter sorte de ver baleias e golfinhos.
Havia imensa oferta, mas optamos pela Picos de Aventura, tendo escolhido a atividade de um dia inteiro, em que parte desse dia seria passado no Ilhéu de Vila Franca.
Se estão a acompanhar o diário da nossa viagem, devem ter visto aqui que houve uma coisa que correu menos bem. O nosso relato chegou ao dia e ao momento. Pela introdução, já devem calcular do que se trata.
Antes da partida para o mar, houve um briefing onde nos foram mostradas todas as espécies que podem ser observadas ao largo da ilha, desde espécies residentes a espécies em migração. Partimos com a expectativa elevada. Navegámos, navegámos e nada. Iamos ouvindo algumas coisas no rádio (há pessoas em terra a tentar captar indícios de baleias e a orientar o barco), mas nada promissor. Também nos tinham sugerido que tentássemos ver os "repuxos" das baleias pelo que as nossas cabeças pareciam antenas. E nada.
Começava mesmo a sentir-me frustrada, uma vez que também aqui a taxa de avistamentos é elevada, e na sede da empresa havia um mapa com os avistamentos. No dia anterior tinham sido vistas diversas espécies, tanto de baleias como de golfinhos. E nós nada.
Apesar da frustração temos que ter sempre em conta, quando partimos para estas experiências, que estamos a lidar com vida selvagem e que (felizmente) não a controlamos.
Entretanto o rádio lá dá um sinal, e o barco vira bruscamente de direção (movimento controlado, claro). Afinal havia alguma esperança.
Neste tipo de experiências, para garantir a intervenção mínima na vida dos animais, quando se deteta um grupo a aproximação é feita por trás ou pelos lados, nunca cortando o caminho. Quando estamos relativamente perto, o motor abranda e são os animais que decidem (ou não) aproximar-se de nós. Esta informação deixou-me descansada pois apesar de querer muito ver baleias e golfinhos no seu habitat, não queria perturbá-los mais do que já fazemos com a poluição e pesca.
Começámos com os golfinhos Roaz.
Um grupo relativamente grande e tradicionalmente brincalhão, que se fartou de andar à volta do barco e fazer acrobacias, saltos e cambalhotas. Senti-me uma criança tal era a minha alegria de os ver ali, livres. A M. também estava a gostar, mas penso que o facto de estar em alto mar a deixava um pouco assustada e não gozou a experiência na totalidade.
Apesar de neste vídeo eles estarem um pouco longe, os Roaz chegam bem junto do barco e saltam mesmo ao nosso lado. Nesse momento aproveitamos para ver com os olhos, como diz o L.
Entretanto o grupo começou a dispersar, havia vários barcos na zona e eles queriam fazer a vontade a todos , e pusémo-nos novamente a caminho, em busca de novos grupos/espécies.
Vimos mais alguns grupos de Roaz, sempre dispostos a brincar.
Por fim, vimos os golfinhos Risso, uma espécie mais tímida e muito diferente, devido às características cicatrizes que apresentam por todo o corpo. Apesar da timidez, aproximaram-se bastante do nosso barco e conseguimos vê-los bastante bem, penso que nos quiseram compensar por não haver baleias à vista naquele dia.
O vídeo está um pouco pixelizado, mas tivemos que fazer algum zoom para que ficassem visíveis no vídeo. Ainda assim dá para perceber como são diferentes do Roaz.
Apesar de não termos alcançado o objetivo, ficámos muito felizes com os golfinhos e queremos muito repetir.
Este dia estava destinado a contemplar a Natureza no seu melhor, e não ficámos por aqui. Conto-vos o resto do dia na próxima publicação.